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Correção de Mamas

Método obliquo para as mamas

Por: CirurgiaPlastica.com.br | Publicado em 27/08/2008

Em meados dos anos de 1970 fui designado para tratar de paciente do sexo feminino com 32 anos de idade, que,apesar do grau moderado de deficiência mental, trabalhava como empregada doméstica. Durante o ato de passar roupas, ela havia segurado o ferro aquecido de encontro ao tórax e apresentava queimadura de terceiro grau, com a forma da base do ferro, na face lateral da mama direita desde o complexo areolopapilar até o sulco inframamário.
Levando em conta a condição mental da paciente e o fato de ela apresentar hipertrofia moderada das mamas com acentuada ptose, optei por ressecar a área da pele queimada juntamente com o parênquima mamário adjacente e o
reposicionamento do complexo areolopapilar como alternativa ao tratamento convencional da queimadura. Com o intuito de oferecer simetria, repeti a abordagem na mama oposta e, ao final da cirurgia, fiquei surpreso quando fui
parabenizado pelo chefe do serviço, Dr. Roberto Millan, por ter optado pela técnica de Dufourmentel para aquela situação. Este foi meu primeiro contato com o autor em questão e é a sua técnica que passo a comentar. A mastoplastia redutora, assim como a mastopexia, ocupa lugar de destaque na relação dos procedimentos mais executados pelos cirurgiões plásticos que dispõem hoje de dezenas de técnicas e um número ainda maior de táticas à sua disposição. A ressecção do parênquima mamário localizado no quadrante inferior externo das mamas já
era usada por Holländer(1) e Marc(2), tendo sido a técnica especialmente desenvolvida e defendida por Dufourmentel e Mouly(3), que mostravam como resultado final de sua abordagem uma cicatriz lateral oblíqua nas mamas.
A abordagem pela via lateral das mamas defendida por Dufourmentel, embora esteja longe de ser eleita como padrão para todas as plásticas mamárias, trouxe
importantes ganhos no que diz respeito ao posicionamento das cicatrizes, como também na possibilidade que oferece em centralizar as mamas que se encontram
originalmente muito lateralizadas bem como melhor posicionar o complexo areolopapilar, levando a um resultado final mais harmonioso. Arie(4) preconizava em sua técnica a ressecção em cunha na parte inferior da mama, ocasionando uma
cicatriz vertical na união dos quadrantes inferiores que invariavelmente ultrapassava o sulco inframamário, situação resolvida com as modificações e os incrementos desenvolvidos por Pitanguy(5), que adicionou excisão horizontal, entre outros adendos, resultando em cicatriz em T invertido, técnica ainda utilizada nos dias atuais por grande número de cirurgiões. Nesse ponto a vantagem da abordagem lateral oblíqua de Dufourmentel é que, mesmo que se tenha prolongamento da cicatriz no sulco inframamário, esta sempre será lateral e não haverá cicatrizes na região pré-external ou próximo a ela, que sabidamente é sítio de maior incidência de cicatrizes viciosas, hipertróficas ou quelóides, situação que os cirurgiões tentam sempre evitar. As referências ao trabalho acima têm sido bastante freqüentes em publicações(6), apresentações e trabalhos científicos, assim como em congressos e jornadas da especialidade, quando muitas vezes é apresentado com nome diferente do original e sempre com aperfeiçoamentos
técnicos ou adicionados de algum detalhe tático importante. Como em qualquer outra área cirúrgica, não existe a melhor técnica para a mastoplastia redutora ou mastopexia e, sim, a técnica que o cirurgião tem maior vivência e conseqüentemente domínio(7). A proposta da abordagem oblíqua é uma ferramenta bastante útil e trará bons resultados quando bem indicada.

Referências
1. Holländer E. Die Operation der Mammahypertophie und der Hängebrust. Deutsch
Med Wschr. 1924;50:1400-2.
2. Marc H. La plastique mammaire par la méthode oblique. Rev Port Obstet Ginec
Cir. 1952;5:363-8.
3. Dufourmentel C, Mouly R. Ann Clin Plast. 1961;6:45-58.
4. Arie G. Uma nueva técnica de mastoplastia. Rev Lat Amer Cir Plast.
1957;3(1):23-38.
5. Pitanguy I. Breast hypertrophy. 5th International Congress of Plastic Surgery.
[abstract]. Melbourne: Butterworth; 1971. p. 1180.
6. Batuíra AAB, Curi MM. Atualização em cirurgia plástica estética. São Paulo:
Robe Editorial; 1994. p. 389-7.
7. Stochchero IN, Fonseca AS, Stocchero GF, Stocchero GF. Vinte anos de
mamoplastia com cicatriz lateral. In: Stocchero IN, Tournieux AAB, editores.
Atualização em cirurgia plástica estética e reconstrutiva. São Paulo: Editora
Santa Isabel; 2006. p. 777-80.
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