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Rinoplastia - Cirurgia de Nariz

40% das plásticas de nariz têm de ser refeitas

Publicado em 22/01/2009

O alto índice de problemas na plástica de nariz, a terceira cirurgia plástica mais realizada no país --só perde para a cirurgia plástica de mama e a lipoaspiração--, e o receio de sofrerem processos de pacientes insatisfeitos têm levado cirurgiões plásticos a "terceirizarem" o trabalho, ou seja, encaminharem seus pacientes a colegas ultra-especializados em narizes.

O rinoplasta João de Moraes Prado Neto, presidente da regional paulista da SBCP, afirma que cada vez mais tem recebido pacientes que desejam refazer uma cirurgia anterior (rinoplastia secundária) ou retocá-la para corrigir pequenos defeitos. "São pacientes que já fizeram duas, três e até nove cirurgias plásticas para correção de rinoplastias anteriores que não deram certo", disse o cirurgião, que, no dia da entrevista, havia atendido duas pacientes -com duas e três cirurgias anteriores-- e que desejavam refazê-las.

Quanto maior o número de intervenções, menor é a chance de o paciente ter o nariz sonhado, explica Prado Neto. Após a primeira cirurgia plástica, forma-se um tecido fibrótico (doente) na cicatriz, com menos vascularização e mais difícil de ser descolado. "A cada cirurgia plástica torna-se mais e mais difícil descobrir essas estruturas, identificar o defeito e reconstruir o nariz."

Além das seqüelas estéticas (como um nariz torto), um procedimento malfeito pode provocar problemas funcionais. O mais freqüente, segundo o cirurgião Nelson Heller, coordenador da área de rinoplastia da SBCP, são lesões nas válvulas nasais --em geral, por retirada excessiva de cartilagem--, que prejudicam a função respiratória do paciente.

"As válvulas têm uma espécie de "mola" que contraem na respiração e relaxam na expiração. Se corta demais essa região, essa mola fica prejudicada."

Quando há comprometimento funcional ou estético, a alternativa do cirurgião é recorrer ao enxerto de cartilagem (do septo ou da orelha) ou de osso (retirado da calota craniana, por exemplo) para preencher a área lesada na cirurgia plástica anterior. Isso acontece em até 70% das rinoplastias secundárias, segundo Prado Neto.

O cirurgião Nelson Heller conta que metade dos pacientes que o procuram para refazer cirurgias plásticas anteriores (20% da sua clientela) o fazem em razão de complicações provocadas por substâncias de preenchimento (metacrilato).

"A chamada bioplastia nasal, diferentemente do que se propaga, tem riscos, pode provocar reação inflamatória e causar lesões que só podem ser corrigidas por uma cirurgia plástica."

O cirurgião plástico José Tarik, presidente da SBCP, diz que a entidade não proíbe o uso do metacrilato na rinoplastia, mas recomenda muito cuidado. "Às vezes o paciente pensa que estará tendo um ganho porque não se trata de um procedimento invasivo, mas pode haver reações que, inclusive, geram uma necrose no nariz."

Ele afirma que as seqüelas graves na rinoplastia são exceções. "A maioria são pequenos retoques normais e esperados. Trata-se de uma cirurgia milimétrica e pode acontecer de aparecer pequenos detalhes que precisam ser corrigidos."

Tarik diz que é comum os cirurgiões encaminharem pacientes a colegas com mais experiência em determinadas cirurgias. "Eu mesmo já encaminhei uma paciente que havia feito quatro cirurgias plásticas e ainda não estava satisfeita com resultado. Como não estou habituado a operar narizes quartenários [que passaram por quatro cirurgias], encaminho com muita tranqüilidade."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u484158.shtml
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