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Cirurgia plástica sem dúvidas

Publicado em 26/01/2009

1. Lipoaspiração é cirurgia?
Sim. Lipoaspiração é uma cirurgia e, portanto, apresenta todos os riscos inerentes, como sangramento, infecção e comprometimento de pele. Por isso, a intervenção deve ser realizada em ambiente preparado e equipado para diagnosticar e tratar possíveis complicações.

2. Estou acima do peso. Qual a quantidade de gordura que pode ser retirada na lipoaspiração?
O médico deve seguir sempre a regra básica para esse tipo de cirurgia, sugerida pelo CRM (Conselho Regional de Medicina): retirar no máximo 5% do peso corporal da paciente. Se uma pessoa pesa 60 quilos, por exemplo, podem ser retirados aproximadamente três litros de gordura.

3. Quero remover toda a gordura extra do meu corpo. Posso pedir isso ao médico?Não. Você estará correndo um risco enorme e desnecessário. A lipoaspiração é indicada para eliminar depósitos de gordura pequenos e bem localizados, e não para ser usada como método de emagrecimento. Quem não trabalha dentro dos limites considerados seguros pode ter um resultado ruim -com formação de ondulações, buracos e assimetrias corporais. É verdade que alguns médicos aspiram até dez litros de gordura, procedimento chamado de megalipoaspiração. Mas trata-se de uma técnica de alto risco, porque há grandes perdas sangüíneas e, com isso, a necessidade de transfusões. Além disso, a paciente terá que ser internada em UTI para o período de recuperação -que será mais lento e dolorido.

4. Se eu fizer uma lipoaspiração, corro o risco de ficar flácida nas coxas e na barriga?
Depende. Se houver grandes excessos de pele ou flacidez na área a ser lipoaspirada, poderá haver flacidez residual pós-cirúrgica. Daí, é indicada uma cirurgia combinada para remoção dos excessos de pele.

5. Depois de quanto tempo do nascimento do meu bebê posso fazer uma lipoaspiração na barriga?
Depende. Pode demorar de seis a 12 meses. É preciso recuperar a tensão dos músculos do abdômen, com exercícios, e voltar ao peso normal.

6. Posso fazer mais de uma cirurgia de uma vez -lipo na barriga e prótese nos seios, por exemplo?
Sim. Não há problemas em realizar cirurgias associadas, desde que elas não comprometam as condições clínicas gerais da paciente. O que o cirurgião não deve fazer, por exemplo, é juntar uma cirurgia mamária redutora de grande porte (retirada de mais de 500 g de cada mama) com uma plástica convencional de abdômen e uma lipo geral: nesse caso, a perda sangüínea passaria de 800 ml, limite de segurança para o cirurgião. Para se ter uma idéia, ao doar sangue em uma campanha, a quantidade máxima permitida é de 600 ml.

7. Há como saber se eu vou ter quelóide? O que faço para evitar?
Na maioria dos casos, não há como saber se o problema ocorrerá ou não -a não ser que haja histórico anterior, ou familiar, ou fator racial determinante (negros e asiáticos têm mais tendência). De qualquer forma, alguns cuidados podem ser tomados pelo cirurgião para reduzir as chances da formação de quelóide: opção por técnica cirúrgica com manipulação delicada dos tecidos; escolha de materiais de boa qualidade nas suturas; realização de betaterapia (aplicação local de radiação capaz de impedir a proliferação das células colágenas, responsáveis pela cicatrização irregular) antes e/ou depois da cirurgia; aplicação de massagens com pomadas receitadas pelo médico; uso de placas de silicone nos primeiros seis meses após a cirurgia; aplicação de cortisona, em alguns casos.

8. Existe uma idade certa para fazer cirurgia plástica?
Depende de cada caso. Em geral, leva-se em conta a maturação física e psicológica da candidata. Uma adolescente de 14 anos que queira colocar prótese mamária, por exemplo, não se encaixa no perfil, porque ainda não atingiu o estágio completo de crescimento. Além disso, com a banalização da técnica, cabe ao médico avaliar -e discutir francamente- real necessidade da cirurgia, as expectativas da paciente.

9. Se eu estiver tomando algum remédio para emagrecer, posso fazer cirurgia plástica?
Não. As medicações para regime devem ser suspensas cerca de 20 dias antes do ato cirúrgico. O médico deve ser informado sobre todos medicamentos utilizados no período pré-operatório -nem que seja um comprimido para gripe. Lembre-se de que, durante a cirurgia, são administrados antiinflamatórios, anti-bióticos e analgésicos. Há sempre o risco de algum ativo não ser compatível com o que foi ingerido anteriormente -o que pode provocar uma reação perigosa.

10. Se eu levar ao consultório uma foto do corpo que desejo, o médico conseguirá fazer igual?
Essa não é a maneira mais adequada de proceder em uma cirurgia plástica. Cabe ao profissional idôneo informar à paciente que a cirurgia plástica não faz milagres. Deve-se levar em conta o que pode ser melhorado a partir das características de cada paciente: biótipo, textura de pele, cicatrização, peso, altura, idade etc. Pacientes que usam como modelo corpos de outras pessoas são aquelas que, a princípio, não deveriam ser submetidas a qualquer tratamento cirúrgico, pois dificilmente encontrarão a satisfação desejada.

11. Algumas celebridades dizem que fizeram plástica preventiva do rosto. O que é isso?
Isso é bobagem. Toda e qualquer plástica tem caráter reparador, não preventivo. Ninguém deve se submeter aos riscos de uma operação para tentar evitar um problema que nem sabe se terá. Existem tratamentos não-invasivos que previnem o envelhecimento com ótimos resultados -peelings, laser, botox etc. O máximo que o médico pode fazer é antecipar uma cirurgia para atenuar sinais que já estejam presentes, antes que evoluam. Ainda assim, só depois de a paciente ter tentado os meios não-invasivos sem sucesso.

12. Se eu colocar prótese no bumbum, vai dar pra perceber que fiz a cirurgia?
Não é provável. Pelo contato visual, só se a pessoa já conhecer o seu corpo antes. Já pelo toque, as chances são praticamente nulas. As técnicas mais modernas introduzem a prótese abaixo do músculo glúteo, e ela fica encoberta. Além disso, embora as próteses para bumbum utilizem um gel mais coeso (fica mais durinho) que o da mama, o toque é mais macio, muito mais próximo do natural.

13. Engordei na gravidez e fiquei com a pele flácida na barriga. A plástica pode resolver?
Sim, desde que a cirurgia escolhida seja a dermolipectomia abdominal (especialmente indicada para firmar o abdômen e eliminar o excesso de pele depois de uma gravidez ou emagrecimento intenso). No procedimento, os músculos da parede abdominal, que estão distendidos, são novamente aproximados e costurados. Depois, o excesso de pele abaixo do umbigo é retirado. Mas é bom lembrar que a pele será puxada de cima e para baixo em direção ao corte -se houver estrias nessa região, não há como removê-las.

14. O resultado final de uma cirurgia costuma aparecer depois de quanto tempo?
O processo de cicatrização se finaliza, em média, seis meses depois do procedimento. Mas vai depender muito da cirurgia. Conforme o caso, a paciente já vê boa parte dos resultados logo no início do primeiro mês (orelha em abano, lipo de culote, pálpebras), mas o desinchar e a acomodação dos tecidos continuam evoluindo até o sexto mês, podendo se estender até um ano (rinoplastia). Se fizer uma lipoaspiração, abdominoplastia ou lifting facial em setembro, por exemplo, você estará preparada para o verão de fevereiro do próximo ano.

15. Como saber se a clínica ou o hospital escolhidos estão equipados para a cirurgia?
A clínica e o hospital devem funcionar de acordo com as normas impostas pela Vigilância Sanitária. Ao escolher o local, peça por escrito a descrição de tudo o que eles oferecem para a segurança dos pacientes. Os itens obrigatórios são: certificado de normas rígidas de controle de infecção; centro cirúrgico com infra-estrutura (aparelhos de pressão, de anestesia, ressuscitador, desfibrilador, monitores cardíacos, bombas de infusão de anestesia, oxigênio); sala de cirurgia com equipamentos compatíveis com os de uma UTI; serviço de transferência (UTI móvel) para levar o paciente para instituições mais equipadas, se necessário. Mas atenção: toda essa infra-estrutura não basta se não houver um anestesista presente durante toda a cirurgia.

16. Como faço para encontrar um bom profissional?
Consulte mais de um médico e busque o máximo possível de informações: nível da formação do profissional, tempo de especialização, experiência na cirurgia desejada, se ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a relação de cursos dos quais ele tenha participado. Também procure referências junto a antigas pacientes, nos hospitais onde ele atende, com algum membro da equipe cirúrgica ou em publicações. Finalmente, leve em conta a qualidade da consulta -tempo disponível, clareza nas respostas e atenção às suas dúvidas.

17. Por que o médico tem que ser membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica?
O título da Sociedade é a garantia de que o profissional passou pelas etapas necessárias para uma formação completa e especializada na área. Segundo as normas da entidade, isto inclui seis anos de faculdade de Medicina, dois a três anos de cirurgia geral e mais três anos de residência em cirurgia plástica. Embora não garanta um resultado satisfatório, o título serve como um selo de qualidade do profissional escolhido.

18. O médico tem que assinar algum documento antes da cirurgia?
Sim. O cirurgião deve informar à paciente, verbalmente e por escrito, todos os riscos e limitações da cirurgia. O Conselho Regional de Medicina alerta o médico para a necessidade do termo de informação à paciente (além de toda explicação feita na consulta), para que ela fique ciente de tudo que envolve o ato cirúrgico. Esse documento é a prova inabalável da ética de um profissional.

19. A anestesia é segura? Como posso saber se terei ou não problemas?
Se bem conduzida, sim. Além da avaliação dos exames no pré-operatório, o acompanha-mento do anestesista durante e após o término da cirurgia (recuperação anestésica) é essencial para evitar complicações. Problemas anestésicos em cirurgias anteriores devem ser relatados à equipe da cirurgia, para que tudo ocorra dentro dos parâmetros de segurança.

20. Se eu fizer a cirurgia com um médico renomado e uma equipe capaz, o risco é zero?
Não. Se alguém prometer algo assim, é mentira. Toda e qualquer cirurgia envolve riscos, pois nenhum cirurgião possui o controle total sobre as reações do corpo durante e após a intervenção. Mas é claro que, quanto mais bem-equipado o hospital, mais bem treinada a equipe e mais experiente for o médico, menores serão os riscos para a paciente.

Fonte:
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1685588-1742,00.html
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