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Retoques na vaidade

Publicado em 17/03/2009

Dez meses depois de ter o segundo filho, Maria Cristina Schroder Hailliot, 40 anos, voltou a procurar um médico. Desta vez, não estava preocupada com os cuidados da saúde da caçula, mas com a ideia fixa de ter de volta o corpo – ou pelo menos parecido – dos tempos pré-gravidez.

O alvo será o abdômen. Maria fará uma completa cirurgia plástica para tirar as estrias e os excessos. Apesar da complexidade da operação, está tranquila. A preocupação veio apenas na hora de escolher um médico. Resolveu seguir a experiência e consultar o mesmo profissional que fez a primeira cirurgia, há nove anos, após o nascimento do primeiro filho. Para chegar ao profissional ideal, a funcionária pública pediu referência para outros médicos, amigos, parentes e buscou a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

– Como não senti dor alguma na época, vou continuar com o mesmo médico. Fiquei muito feliz com o nascimento da Vitória, mas não com as consequências sofridas pelo meu corpo. Quero dar um jeito – explica Maria, que atuou como modelo de passarela em sua adolescência.

O roteiro seguido por Maria para escolha do médico é saudado por especialistas e deve ser cumprido para evitar as temidas complicações após intervenções estéticas. Além do mau resultado de plásticas que podem deformar em vez de embelezar, a preocupação dos especialistas com a segurança dos procedimentos recebeu um ingrediente adicional com a recente decisão do Banco Central que incluiu as cirurgias plásticas no rol de serviços que podem ser pagos por meio de consórcios. A alternativa deve ampliar a procura por correções estéticas, e cirurgiões temem uma banalização da técnica – e um possível aumento do número de complicações e mortes no pós-operatório.

– Muitos consórcios forçam os pacientes a serem atendidos apenas por poucos médicos credenciados. Acaba que se fica sem a liberdade de escolher os profissionais mais competentes e experientes – critica o cirurgião André Hermann, do Hospital Moinhos de Vento.

Hermann também teme que o acesso fácil intensifique a realização de cirurgias desnecessárias, feitas apenas para reparar problemas muito sutis ou que podem ser resolvidos por outros meios.

– Lipoaspiração não é dieta. É indicada para retirada de gordura localizada. Muita gente pode resolver seu problema mudando a alimentação ou com exercícios físicos – afirma o cirurgião.

Para quem realmente precisa de uma ajuda da cirurgia plástica deve prestar atenção em alguns pré-requisitos antes de se render ao bisturi. O vice-presidente da SBCP, Carlos Uebel, alerta que os pacientes fiquem atentos às condições do local onde o procedimento será realizado.

– Deve-se confirmar se o local tem sala de recuperação, esterilização, equipe com anestesista, assistente médico e equipe de enfermagem de alta experiência e capacitação. Nunca faça cirurgia em consultório. Faça em clínicas bem equipadas ou em hospital – orienta.

Como escolher um profissional

> Procure ver se o profissional está na lista de membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica no site www.cirurgiaplastica.org.br
> Informe-se com médicos de outras especialidades que você conhece e confia os nomes mais indicados
> Busque referência entre amigos que já realizaram cirurgia plástica
> Confira se a clínica está equipada corretamente, com sala de recuperação, métodos de esterilização, equipe com anestesista, assistente-médico e equipe de enfermagem de alta experiência e capacitação
> Nunca faça cirurgia plástica em consultórios médicos
Qual melhor momento para intervenções estéticas

QUANDO FAZER

Nos casos em que ...
... a autoestima esteja comprometida, e a pessoa tenha prejuízos psicológicos e sociais.
... a saúde esteja em risco, e não apenas a estética.

QUANDO NÃO FAZER

Nos casos em que ...
... uma dieta ou exercícios físicos podem resolver.
... se trata de uma questão apenas emocional que não corresponde com a realidade: por exemplo, uma jovem que se acha gorda, mas está abaixo do peso.
... as intervenções são exageradas ou em pessoas com pouca idade, como próteses mamárias em adolescentes.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2437362.xml&template=3898.dwt&edition=11897§ion=1028
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