Artigo

Mamoplastia de Aumento

A mamoplastia de aumento via axilar

Por: CirurgiaPlastica.com.br | Publicado em 02/03/2009

O Dr. Jaime Anger foi um dos primeiros a utilizar a via axilar no Brasil. Realizou a primeira cirurgia deste tipo em 1987.

Para a melhor compreensão do leitor deste tipo de técnica, é apresentada esta síntese do trabalho científico feito pelo Dr. Jaime Anger, que no Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, realizado em Brasília em novembro de 1995, ganhou o Prêmio "Georges Arié" dedicado ao melhor artigo científico sobre cirurgia plástica de mama. Esta apresentação foi sobres o uso de Video-Cirurgia para a Via Axilar, que diminuiu sensivelmente o índice de complicações. Desde 2002 o autor introduziu o uso de bisturi eletrônico ou ultrasonico para o melhor posicionamento da prótese.

O uso de próteses de mama está atualmente muito bem definida na cirurgia plástica. Emprega-se na cirurgia mamária de aumento, na reconstrução mamária pós-cancer e também quando é necessária uma grande retirada do tecido mamário por displasia grave. Vários tipos de materiais já foram utilizados no passado mas foi a partir de 1962 que CRONIN revolucionou esta técnica ao desenvolver as próteses de silicone.

Estas primeiras próteses eram produzidas com um envelope de silicone e uma esponja de silicone no seu interior. Desde então várias modificações foram sendo feitas, o envelope ficou mais fino e a esponja foi trocada por silicone gelatinoso que confere ao conjunto uma palpação mais natural, muito próxima da de um seio normal. Atualmente, são usados dois tipos de envelopes: os lisos e os com textura. Cada um tem uma indicação específica, na dependência da possibilidade de reação do organismo e da posição anatômica em que vai ser colocada a prótese. Em relação ao conteúdo da prótese, também existem as que podem ser infláveis com solução fisiológica (as chamadas salinas), para uso em pacientes que podem ter reação ao silicone gel.

Graças ao avanço tecnológico das próteses e à melhora da técnica cirúrgica, as complicações autrora comuns diminuíram consideravelmente. Resta ainda a reação ao silicone que pode ocorrer em 2% a 3% dos casos, que resulta numa fibrose ao redor da prótese modificando o aspecto externo do seio. Nestes casos é necessária a troca da prótese ou a sua retirada definitiva.

Mas o que mais preocupa a paciente atualmente se refere à posição da cicatriz resultante da mamoplastia de aumento.

Estas cicatrizes resultantes dependem das vias de acesso utilizadas pelo cirurgião para a introdução da prótese.

Nós evitamos sempre as vias que atravessam a mama pelo interior dos seus tecidos pois podem romper ductos mamários e provocar áreas de cicatrizes que podem trazer conseqüências no futuro e podem também ser causas de reação ao redor das próteses (cápsula fibrosa) além de provocar hematomas logo após a cirurgia. Estas vias se localizam no meio da aréola e do mamilo ou ainda na margem inferior da aréola.

A via de acesso transumbelical não permite o uso de próteses de silicone com conteúdo gelatinoso mas somente as salinas. Por esta área ainda existe a opção colocar as próteses durante uma cirurgia plástica de abdome aproveitando já os cortes para esta operação.

As vias inframamária e axilar são as de nossa preferência. Entretanto, a cicatriz no sulco inframamário é visível e representa um estigma de quem se submete a esta cirurgia.

A via axilar é a mais estética e com a cicatriz mais disfarçada. Porém é tecnicamente muito mais difícil de ser executada e depende da experiência do cirurgião. A cirurgia consiste num corte de acesso na axila situado no interior da zona de pêlos, de direção horizontal e desenhada numa dobra natural, o que resulta numa cicatriz totalmente disfarçada. Através deste corte é realizada a dissecção do espaço em que vai ser colocada a prótese. Próteses de até 350 cc de volume podem ser facilmente introduzidas por esta pequena via de entrada de no máximo 3 cm de comprimento.

Na nossa experiência inicial de 54 casos de 1988 a 1993, tivemos sucesso completo em 46 pacientes. Em 2 pacientes foi necessária a troca de uma das próteses pela reação de cápsula e em 8 casos ocorreu uma assimetria de contornos.

Entretanto, em 1993 ocorreu uma verdadeira revolução nesta técnica quando introduzimos o uso da Videoscopia para a dissecção e revisão dos contornos. Esta técnica consiste no uso de uma microcâmara de televisão de 10 mm de espessura que penetra pelo corte e permite uma visão ampla da cavidade criada , com a imagem nítida projetada em um aparelho de televisão. Desta maneira é possível identificar um possível sangramento e efetuar a revisão dos contornos com detalhes, levando a um resultado final com um máximo de simetria e um perfeito posicionamento da prótese.

A prótese pode ser colocada na frente ou atrás do músculo peitoral maior. Preferimos a colocação por trás deste músculo já que nesta posição não haverá dificuldade de diagnóstico de câncer de mama. A posição sub-muscular confere um aspecto estético muito mais natural por impedir a visualização dos contornos da prótese, fato comum quando a prótese é colocada na frente do músculo. Esta posição ajuda na massagem da prótese no pós-operatório para evitar a formação de cápsula fibrótica ao seu redor. Os movimentos normais dos braços já propiciam esta massagem mas técnicas de exercícios para esta musculatura, executadas de maneira correta, ajudam a melhorar a posição das próteses e conferem também uma sensação mais natural à palpação dos seios.

Alguns detalhes são muito importantes no preparo pré-operatório como a depilação muito bem executada por especialistas, para evitar qualquer tipo de reação inflamatória da pele ou foliculite. É necessária uma manutenção da qualidade da pele da região antes e depois da cirurgia. Durante e após a cirurgia, a pele da axila é traumatizada pelos curativos e pela manipulação dos instrumentos cirúrgicos.

No período de 1993 a 2003 realizamos 182 cirurgias, sendo 175 com resultado considerado bom. Em três pacientes ocorreu uma reação de formação de cápsula que tornou necessária a sua troca. Esta estatística está de acordo com a experiência dos grandes centros mundiais. O fato de podermos ter uma chance ao redor de 3% de formação de cápsula fibrótica deve ser sempre avisado à paciente, entretanto, se isto ocorrer, é efetuada a troca da prótese ou em último caso a volta à situação inicial. Os mais de 95% de sucesso justificam o uso de próteses mamárias de silicone

Recentes pesquisas demonstram que não há relação entre o silicone e a formação de câncer, mesmo assim recomendamos o exame periódico preventivo das mamas. Outro assunto controvertido são a possível relação com doenças autoimunes como febre reumática, lúpus eritematoso ou escleroderma, que também foi descartada por recentes trabalhos realizados em vários países. Com base nestes últimos dados acreditamos muito nesta técnica, que beneficia e melhora a qualidade de vida de muitas mulheres em nosso meio.

A partir de 1999 Dr. Jaime Anger passou a utilizar o laser de diodo para a efetivação do descolamento dos tecidos, com menor trauma e também com uma diminuição de 90% do sangramento, melhorando o aspecto estético final pela definição dos contornos e por evitar o aparecimento de hematoma. Em 2001 passou a utilizar também o bisturi ultra-sônico. Estas novas tecnologias fizeram diminuir sensivelmente o risco de complicações.

Artigo escrito por: Dr. Jaime Anger
Fonte: http://www.cirurgiaplastica.com/axila.htm
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