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Solteiro e de bem com o corpo

Por: Wagner Montenegro | Publicado em 10/07/2008

'Neo-solteiros' têm alto poder aquisitivo, elevado nível cultural e chegam aos consultórios convictos do que querem; lipoescultura é preferida entre os homens'

Um novo perfil de pacientes vem buscando, cada dia mais, os consultórios de cirurgia plástica. São homens e mulheres livres, leves e soltos, ou porque nunca quiseram usar uma aliança na mão esquerda, ou porque se livraram do acessório recentemente e, agora, com a “liberdade” conjugal, buscam também ficar livres de rugas, flacidez e outros problemas estéticos. Eles e elas formam um batalhão de quase 70 milhões de solteiros, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a parte que buscam a cirurgia plástica tem em comum, além da solteirice, a faixa etária - acima dos 38 anos -, alto poder aquisitivo, boa formação escolar e cultural, e corpos saudáveis e já trabalhados por atividades esportivas e academias.

Solteirice, porém, não é sinônimo de solidão. Fora do cartório e do altar, mas dentro do concorrido “mercado” da paquera, esses neo-solteiros buscam corpos e rostos mais jovens com a mesma certeza que decidiram viver sós. Esse novo nicho de pacientes, composto por solteiros convictos ou divorciados que não querem casar de novo, vem aumentando nos últimos dez anos, aumento que se tornou mais acentuado há dois anos.

São homens e mulheres que fazem muita atividade física, sem limitações financeiras e que gastam muito com a própria imagem. A procura é ainda maior por parte dos homens, num reflexo do crescimento da participação do sexo masculino no mundo da cirurgia plástica, que é de 30% hoje. Esses pacientes são ideais porque, na grande maioria dos casos, têm boa alimentação, estão dentro do peso e têm um corpo trabalhado por esportes e atividades físicas. São perfeitos para lipoaspiração e lipoescultura, os procedimentos mais procurados pela maioria.

Já as mulheres que integram esse novo grupo em busca de cirurgia plástica costumam ser recém-separadas, já tiveram filhos e se beneficiam da cirurgia também do ponto de vista emocional. Inflam sua alto-estima ao corrigir um abdômen flácido ou colocar uma prótese de silicone nos seios. Após a cirurgia plástica se sentem mais seguras, mais bonitas para encarar a nova vida de solteira.

O rosto não é o foco principal desses neo-solteiros. As cirurgias mais procuradas são lipoaspiração, lipoescultura, mamas e abdominoplastia. Já os homens elegeram a lipoescultura, pois no país conhecido pelas formas arredondadas do derrière feminino, eles também querem ter glúteos retocados. Também não descartam uma cirurgia na pálpebra, lipo na papada ou retoques no nariz.

Esses pacientes já chegam ao consultório bem informados e conscientes do que desejam fazer e a que cirurgia querem se submeter. E preferem ser operados no inverno, para chegar ao verão com novas formas, pois viajam muito. O nível de satisfação desses pacientes é sempre muito alto. A cirurgia funciona, inclusive, como uma espécie de terapia. É como se o paciente entrasse em uma nova casa.

Candidatos com o perfil dos neo-solteiros não faltam no Brasil, país recordista em cirurgias plásticas - mais de 700 mil por ano. Eles não enchem apenas os consultórios de cirurgia plástica, mas também fizeram o mercado mudar seus padrões e oferecer produtos e serviços específicos para solteiros e para quem consome individualmente.

Aos solteiros convictos somam-se os divorciados, cujo número cresceu 7,7% de 2005 para 2006 (mais recente censo), segundo o IBGE. Mais de 162 mil pessoas se divorciaram naquele ano e entraram para o mercado dos solteiros, principalmente no Sudeste e Sul do país. Outras 101 mil pessoas se separaram judicialmente.
Mas casadoiras e casadoiros, não devem se assustar nem desanimar. O número de casamentos no Brasil também cresceu quase 8% em 2008, de acordo com as mais recentes pesquisas. E mesmos os neo-solteiros podem mudar de idéia. Afinal, ninguém faz plástica para passar o resto da vida sozinho.
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