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Toques de perfeição

Publicado em 26/12/2008

O Brasil é um dos campeões mundiais de cirurgia plástica. Nos últimos dez anos, aumentou em 580% o número de intervenções com fim estético, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A entidade estima que em 2000 foram realizadas perto de 400 mil operações – nos Estados Unidos, o primeiro do ranking, a média anual é 500 mil. Quem mais se rende à vaidade são as mulheres. Elas respondem por aproximadamente 70% dos pedidos de retoques. E não estão mais tão receosas de assumir o desejo de aperfeiçoar as formas, como acontecia antigamente.

Para a SBCP, o aumento do número de cirurgias é reflexo de dois fatores: as técnicas estão mais refinadas e o pós-operatório, mais brando. Tanto que algumas cirurgias dispensam internação hospitalar. Além disso, a divulgação dos resultados em pessoas famosas ajuda a propagar os benefícios das operações estéticas. Afinal, elas trazem vantagens: a pessoa se sente mais bonita, confortável e até mais confiante. É importante ela estar bem consigo. "A plástica ajuda a ter uma boa auto-estima", defende a cirurgiã Ana Helena Patrus, diretora da Clínica Santé. Ela conta que a própria filha é um exemplo disso. A jovem era muito tímida, mas depois de alguns "retoques" ganhou mais confiança e hoje investe na carreira de atriz. A psicóloga Maria Reimberg, de São Paulo, ressalta, no entanto, que nem sempre a operação é o melhor caminho para recuperar a auto-estima. "Existe uma demanda muito grande por parte das top models da vida", afirma. As pessoas que recorrem aos cirurgiões para tentar alcançar uma beleza pouco comum podem se frustrar ainda mais. Ela destaca que há modismos, como o dos seios grandes, que influenciam o público. "Vivemos em competição o tempo todo. É uma busca muito frequente pela transformação física", observa.

Mesmo a SBCP adverte que a cirurgia não se aplica a todos. Em alguns casos, é necessário indicar um bom divã ao paciente. Nessa situação, estão pessoas que vivem momentos de crise (perda de emprego ou separação, por exemplo), ou que alimentam expectativas fantasiosas, como ter o nariz igual ao de uma atriz. Aquelas que nunca estão satisfeitas consigo também precisam de apoio psicológico. "A cirurgia não é recomendada a quem queira fazê-la para resolver problemas de outras esferas", afirma Juarez Avelar, professor de cirurgia estética. Cabe ao médico estar atento a esses casos. Ele é quem irá avaliar se a pessoa realmente necessita alterar alguma parte do corpo. "O bom cirurgião pode explicar para a paciente as limitações da cirurgia e até mesmo recusar operações", ressalta Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP. As candidatas à plástica devem avaliar muito bem sua vontade de passar pela intervenção e escolher um bom médico. Não só para estar segura quanto aos resultados, como também para se preparar para o pós-cirúrgico. É preciso considerar ainda o investimento feito na operação. Não só financeiro, mas também de tempo e expectativas. Para a secretária Fernanda Pastore, 34 anos, o resultado não poderia ser melhor. Ela tem tendência a engordar. Há um ano, tirou 13 litros de gordura em uma lipoaspiração (cirurgia que retira, de uma só vez, elevadas quantidades de gordura; é polêmica entre os médicos por causa disso). Hoje, controla a alimentação e mantém o corpo esbelto. Com as novas formas, a auto-estima melhorou. "Antes usava maiô, hoje ponho biquíni e ando na boa", conta.

Quem está disposto a encarar a cirurgia e não se encaixa no perfil de contra-indicação pode comemorar os avanços da tecnologia. É possível corrigir quase tudo. Além disso, as intervenções estão mais precisas. Uma delas é a videoscopia. Com essa técnica, o cirurgião trabalha com instrumentos que têm microcâmeras. Eles são introduzidos por baixo da pele e permitem que o médico opere olhando para uma tela. De acordo com Garcia, o método é muito usado para levantar a maçã do rosto e a sobrancelha. Ele explica que os principais esforços da especialidade são encontrar técnicas e táticas para fazer cirurgias com o melhor resultado possível e cicatrizes cada vez menos visíveis.

Escolha – Para que os resultados correspondam às expectativas, a paciente deve procurar um bom cirurgião plástico. O primeiro passo é conferir se o médico tem especialização em cirurgia plástica e está ligado à SBCP. Para ingressar na entidade, o profissional deve ser graduado por uma faculdade de medicina reconhecida, fazer pelo menos cinco anos de residência médica, sendo dois em cirurgia geral e três em cirurgia plástica. Apenas depois de dois anos como associado é que o cirurgião pode se tornar titular. Para saber se um médico pertence aos quadros da SBCP, pode-se acessar o site www.cirurgiaplastica.org.br.

Para não escolher um nome ao acaso, você pode conversar com amigas e colegas que tenham feito operação estética. Pergunte se ela foi bem atendida, se todas as dúvidas foram respondidas de modo satisfatório, se recebeu assistência pós-operatória e peça para ver o resultado. "Dificilmente, o bom médico terá um resultado excelente e depois um ruim", garante o cirurgião plástico Leonard Bannet, de São Paulo. Uma boa dica é marcar uma consulta com o profissional escolhido. Conversar pessoalmente com o médico pode mostrar se ele transmite confiança. Além disso, na sala de espera é possível encontrar pacientes de pós-operatório. Troque informações com essas pessoas. Se o resultado foi bom, elas vão querer falar sobre os retoques. Se não foi, podem até demonstrar vergonha. Se você não conhece ninguém que tenha feito plástica, pode ainda pedir orientação a um médico de confiança que atue em outra área. E atenção para as promessas de milagres. Como diz o presidente da SBCP, Luiz Carlos Garcia, a cirurgia não é uma varinha de condão.

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/especiais/especial_mulher/cirurgia_plastica/cirurgia_plastica.htm
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