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Cirurgia plástica por consórcio?

Publicado em 20/04/2009

(BR Press) - Já é uma realidade no Brasil fazer cirurgia plástica financiada por meio de uma administradora de consórcio. O país figura como segundo no ranking mundial das cirurgias plásticas, cerca de 630 mil cirurgias por ano - ficando só atrás dos EUA. PUBLICIDADE

No Brasil 88% das pessoas que fazem cirurgias plásticas estéticas são mulheres e 12% homens. O brasileiro geralmente está mais preocupado com o bolso e aparência e procura possibilidades de intervenções mais baratas e facilitadas. Mas há quem questione o método do consórcio. Dr. Fernando Fernandes, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, adverte: "Se sua carta de credito dá direito a uma cirurgia no valor de R$ 20 mil, mas por uma fatalidade, você precisou ser encaminhado a UTI por uma semana. Quem se responsabiliza por esta conta?".

Há outros pontos complicados nos consórcios, em se tratando de algo delicado como uma cirurgia. "O paciente seria induzido a escolher seu médico não pela confiança e capacidade do profissional, mas pelo fato de aceitar ou não receber pelo consórcio. Por que o consórcio não troca a carta de crédito pelo valor em dinheiro para seu cliente ter a liberdade de fazer uso como quiser? E ainda, se um cliente é sorteado num consórcio logo no início do grupo, ele pode tirar o seu carro, mas se por algum motivo ele não puder mais pagar as parcelas o bem está alienado ao consórcio, como se faz no caso da cirurgia?", indaga Fernandes.

Bem de consumo?

O médico acredita que "esse processo se interpõe na relação médico-paciente e trata a cirurgia plástica como se fosse um bem de consumo, sem levar em consideração que o "objeto" dessa relação é o ser humano".

Ainda na opinião do cirurgião, antes de poder ser usado na prática, o consórcio tem que ser melhor normatizado e tem que estar em acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB). O CFM proibiu a participação de mediadores na relação médico paciente. O médico poderá perder o diploma, se aceitar as cartas de crédito. Outro ponto de vista contrário é o da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que não quer que essas empresas indiquem os médicos para os pacientes.

As administradoras não podem garantir que as cartas de crédito sejam aceitas pelos doutores, pois elas não vendem um serviço específico e sim o valor do crédito. Elas se defendem dizendo que não terão vínculos com médicos, e que o cliente terá livre arbítrio para escolher.

O número de 1200 cirurgias feitas por dia, registrado no ano passado, pode aumentar com a nova possibilidade de parcelamento. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 33% das cirurgias são de mama; 20% lipo; 15% abdômen; 9% pálpebras; 7% nariz; 10% outros. A de mama ultrapassou lipoaspiração nos últimos quatro anos.

A lei que permite os consórcios atuarem nessa nova área entrou em vigor dia 6 de fevereiro, mas ainda está em ajuste e causando polêmica.

O fato é que a cirurgia plástica envolve riscos e todo cuidado, como exames, consultas médicas e conversas com seu cirurgião para tirar todas as dúvidas, é pouco.

Fonte:
(Renata Cintra, da Sintonia Comunicação Empresarial/Especial para BR Press)
http://br.noticias.yahoo.com/s/17042009/11/saude-cirurgia-consorcio.html
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