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O vício da perfeição

Publicado em 17/02/2009

Há pouco tempo, a modelo Sheyla de Almeida virou notícia em todo o Brasil depois de colocar 5,5 litros de silicone em cada seio pelo simples anseio de entrar para o Guinness, o livro dos recordes. O caso chocou a todos, que consideraram a atitude uma verdadeira loucura. O que ninguém percebe é que existem inúmeras Sheylas por toda a parte.

Em menores proporções, é claro, mas com a mesma ambição: a busca pela perfeição estética. E para isso, elas ultrapassam os limites do bom senso e, cada vez mais, vemos mulheres com expressões alteradas e plastificadas, mas eternamente insatisfeitas com a aparência. Elas são viciadas em cirurgia plástica, vão de consultório em consultório atrás de profissionais que topem realizar técnicas atrás de técnicas desnecessariamente, colocando em risco a harmonia estética e, o que é pior, a saúde. Nessa história toda, o que é bom senso, o que é vaidade, o que é loucura, o que é moda, o que é permitido, o que é exagero?

O caminho para o exagero

Para começar, vamos detectar uma viciada em cirurgia plástica. O primeiro sintoma é bem fácil de notar: é aquela mulher que nunca está satisfeita com o que vê no espelho e acha que sempre vale a pena "uma toxina botulínica tipo A (botox) aqui, um lifting ali, uma lipo acolá". É comum ver essa mulher aproveitar a fase de recuperação pós-cirúrgica para já programar a próxima plástica ou escolher pacotes promocionais que oferecem "nariz+culote+ mama". Dessa forma, fica claro que ela não precisa corrigir um defeitinho estético, mas deseja operar por operar. A comparação constante com outras mulheres também é uma indicação de que algo não vai bem. Mas elas não agem dessa forma em vão. Alguns motivos podem ser os responsáveis por essa jornada estética. Entre eles, podemos citar:

• Importância da opinião alheia
Eis um motivo bastante comum que leva aos exageros, já que muitas mulheres têm baixa autoestima e são mais suscetíveis à avaliação externa. "Para algumas pessoas o olhar do outro, na maioria das vezes, representa uma crítica para si e por isso busca fazer de tudo para agradar", analisa a psicóloga Laila Pincelli (SP). Em uma breve avaliação psicológica, elas são perfeccionistas, autocríticas e imediatistas, por isso não se dedicam aos exercícios ou à dieta para alcançar os objetivos.

• A influência da mídia
A mídia tem um papel fundamental nessa ânsia por uma aparência cada vez melhor. Seja pelo uso do photoshop (programa de computador de edição de imagens), seja por intervenção cirúrgica, as celebridades estão sempre com a aparência impecável, rejuvenescidas e com o corpo em dia. Dessa forma, tornam-se modelos e referências entre as mulheres "comuns".

• Medo de envelhecer
"Existem excessos também da parte de quem não aceita o passar do tempo. A plástica precisa ser feita de forma natural para amenizar o passar dos anos, e não escondê-los", comenta o cirurgião plástico Cláudio Bicudo (RJ).

• Aa solução dos problemas
Achar que a cirurgia plástica vai garantir um namorado novo ou a mudança de emprego é uma ilusão muito comum. "Esta pessoa passa a ver a cirurgia plástica como a solução de todos os seus problemas. Não busca uma psicoterapia para conhecer-se e entender porque está sempre insatisfeita consigo mesma. Recorre ao que é mais rápido e que demanda menos comprometimento e esforços de sua parte. Mas que muitas vezes trará uma satisfação apenas momentânea", complementa a Dra. Laila.

• Distúrbios reais
Em casos mais extremos, esta peculiaridade é, na realidade, um distúrbio chamado dismorfismo, quando a pessoa não se vê como realmente é e percebe o seu corpo disforme e precisando de correções.

Além da vaidade
o primeiro efeito fruto do excesso é visível a todos: aparência distorcida e plastificada. Aalém disso, a saúde também é diretamente afetada. No caso do exagero de silicone nas mamas, por exemplo, os mililitros a mais podem causar desvios na coluna e muita dor. "Essa pessoa terá dificuldades básicas no cotidiano como amarrar os sapatos, dormir de bruços, por exemplo", comenta o Dr. Bicudo.

O vazio psicológico resultante do exagero também é notório. Ccomo muitas vezes os problemas são psicológicos e não físicos, as plásticas nunca serão suficientes, e por mais intervenções que faça, haverá sempre insatisfação.

Antes de fazer uma plástica, portanto, a paciente deve analisar se essa é sua vontade ou se o que busca é a aceitação de outros. Ttambém vale um alerta de alguém próximo, pois esta mulher pode estar tão obcecada pela perfeição, que não se dá conta da realidade.

Elas passaram do ponto
No desejo de permanecerem sempre jovens, algumas famosas extrapolaram os limites da plástica e ficaram com uma aparência bastante esquisita.

Fonte: http://plasticaebeleza.terra.com.br/dieta-saude/100/o-vicio-da-perfeicao-os-riscos-do-exagero-da-125118-1.asp
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